viernes, 3 de mayo de 2013

Chovia muito, mas quem se importa?

Se há um assunto que é consenso em Bogotá esse assunto é o clima. Entardecer de uma quinta-feira, o sol tímido, em meio a tantas nuvens, tentava dar seu ar da graça nas últimas horas daquela tarde. Os poucos raios de sol não eram suficientes para esquentar os 11° graus de temperatura, mas eram uma esperança. Eu me arrumava apressada, em dúvida entre colocar uma jaqueta jeans ou uma de couro; botas para chuva ou uma sapatilha. Uma entrevista de emprego me esperava a poucas quadras da minha casa: um convite a um passeio a pé. Escolhi a jaqueta e a sapatilha, afinal a entrevista era informal e eu queria estar confortável para desfrutar a caminhada.

Mal saí do apartamento, pude ver pela janela pequenas gotinhas que chuva que começavam a molhar o jardim de rosas. Regressei à casa para buscar minha sombrinha. Incrível como as sombrinhas têm a capacidade de estragarem tão facilmente. Sombrinha estragada deveria ser pleonasmo. A minha tem uns aros laterais soltos e mais parece a uma borboleta prestes a alçar voo e dançar junto com a chuva. Mas quem precisa de sombrinha quando a chuva é boa?

Embora o dia estivesse frio, a água da chuva parecia estar morna, agradável, convidando-me para uma dança com todos os sentidos. Sempre que saio de casa, sinto-me abençoada pelas avós montanhas. Imponentes com seus mais de 3 mil metros de altura, elas zelam por Bogotá. Tenho uma incrível admiração por montanhas. Minha esquina é parada obrigatória para comtemplá-las.

O vento forte fazia com que minha sombrinha dançasse incontrolavelmente e, com inveja, meus cabelos resolveram unir-se ao baile. O sol, teimoso, estava obstinado a aparecer ainda que fraco e por poucos minutos, afinal já eram quase seis horas da tarde. Mas esses minutos foram suficientes para o show principal. Mal virei a esquina me deparei com um duplo arco-íris que começava ali mesmo pertinho de mim. Cadê o pote de ouro, pensei. As montanhas de Monserrate e Guadalupe ficaram ainda mais lindas com o adorno.

Era muito arco-íris pros meus olhos. Eu estava deslumbrada e descabelada fazendo malabarismo com a sombrinha e equilibrando-me para não cair nas poças de água. Há um ano em Bogotá, ainda não havia visto um arco-íris. Dessa vez, Pachamama caprichou e colocou logo dois ali bem do meu lado.

No campo de futebol em frente, dentro da Universidade Nacional, alguns meninos jogavam bola dentro do arco-íris. Parei por um momento para admirar. Será que eles se davam conta que estavam dentro do arco-íris ou essa era uma visão privilegiada minha? Continuei caminhando, dessa vez por um caminho de terra para ficar mais perto do arco-íris. Era impossível desviar das poças que já cobriam todo o caminho. Minhas sapatilhas estavam encharcadas, meus pés nadavam felizes.

Caminhando descobri que vivemos uma época de pessoas que olham pro chão. O que será que elas buscam? Eu olho pro céu, às vezes olho demasiado e tropeço na minha realidade. Assim continuei meu caminho: caminhando, contemplando o céu e sorrindo um sorriso de agradecimento à mãe terra pelo dia lindo. Bogotá é uma cidade imprevisivelmente encantadora.

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Monserrate e Guadalupe em um amanhecer ensolarado

♥ As montanhas de Monserrate e Guadalupe em um lindo amanhecer ensolarado

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